domingo, 28 de setembro de 2008

Um bater de asas que faz sonhar com voos altos, mas que pede paciência!

Nesta jornada realizou-se o clássico Dérbi da 2ª circular, no estádio da Luz.
Este encontro opunha o Sporting, que tem dominado até agora, em conjunto com o Nacional, o campeonato (tendo mesmo alcançado o pleno nas primeiras três jornadas), e o Benfica em renovação de Quique, que embora tenha pontuado sempre até ao momento, contava apenas com uma vitória nesta competição, frente ao Paços de Ferreira. As previsões apontavam, portanto, para uma vitória da equipa leonina.
Contudo, o resultado contrariou as expectativas e o Benfica, para além de revelar uma melhoria qualitativa bastante significativa (quer colectiva, quer individualmente), mostrou a sua eficácia e eficiência, e disse “presente” ao campeonato nacional!
No clássico Benfica vs Porto da 2ª jornada, o Benfica que entrou em campo mostrou-se pouco paciente, menos eficaz, menos seguro…mas capaz de lutar contra as adversidades.
Neste jogo, a história já foi diferente. A paciência revelou-se uma característica da equipa encarnada que conseguiu assim praticar um futebol mais organizado, manter a posse de bola, criar mais espaço, mais perigo e dominar parte do encontro. Este Benfica funcionou de forma mais “mecanizada”, com o entendimento entre os jogadores a permitir combinações que abriram portas para acções ofensivas baseadas na troca de bola rápida, nas triangulações e tabelinhas. Houve uma 2ª linha mais presente, um remate de longe mais preciso (por parte de Reyes, Cardozo e Carlos Martins) e uma ocupação racional do interior da grande área. Ainda no ataque observou-se a formação de uma linha ofensiva, que variava entre 3 e 4 jogadores, que contribuiu para um aumento das oportunidades de golo e, consequente, probabilidade de marcar.
No meio campo, Katsouranis veio dinamizar o sector, tornando-o mais activo no trabalho ofensivo e mantendo a ligação entre a defesa e o ataque. Trouxe mais velocidade e mobilidade à zona centro, permitindo criar e aproveitar mais espaços vagos. Constituiu um dos elementos surpresa da estratégia de Quique para este encontro. Yebda demonstrou também melhorias significativas no que toca à capacidade de corte e domínio de bola. Aliás, neste sector todos os médios se mostraram capazes de manter a posse de bola, fazê-la circular, recuperá-la, apoiar a defesa e o ataque…
A nível defensivo, destaque óbvio para a dupla de centrais e para o lateral-esquerdo. Adivinhava-se a integração de Katsou no centro defensivo e de Léo na ala esquerda, mas, em vez disso, Quique apostou na juventude de Sidnei e Miguel Victor para o eixo mais recuado e na garra de Jorge Ribeiro para ocupar a posição do brasileiro (contra o Paços, o lateral português marcou e fez uma exibição de grande qualidade, factos que o colocavam na luta pela titularidade). Estas opções acabaram por se revelar boas apostas, visto que os jovens centrais para além de apoiarem ofensivamente a sua equipa, foram capazes de “fechar” a zona central, bloqueando as iniciativas dos “leões”, e Jorge Ribeiro contribuiu claramente para reduzir os espaços e facilidades ultimamente concedidos na ala esquerda Benfiquista pois é um jogador mais “fixo” que Léo. Estas opções estão também incluídas na “ lista de surpresas” que o Mister da Luz preparou para baralhar o rival lisboeta.
Resta concluir que, à 4ª jornada do Campeonato Nacional, a equipa que na pré-época era dada como claramente “atrasada” em relação aos adversários directos, foi capaz de vencer um dos líderes do campeonato demonstrando uma evolução estrondosa em relação ao clássico da 2ª jornada. Este Benfica em crescimento, que começa agora a bater as asas, conseguiu impor-se frente a uma equipa que vive uma situação muito mais estável e que atinge agora o final da sua fase de renovação. Uma equipa que manteve o treinador pela quarta época consecutiva e cujo plantel se manteve mais ou menos constante, sendo que os reforços adquiridos já conheciam de certa forma a equipa”leonina”. O trabalho que Quique tem desenvolvido é fundamental para a criação de estabilidade na equipa e para a reabilitação do ciclo de vitórias do clube. É um trabalho que tem dado frutos, mas que ainda se encontra no inicio. É um trabalho que pede aos adeptos calma, paciência e racionalidade. Vão certamente haver altos e baixos, e o êxito no campeonato não está garantido, até porque, tal como Flores afirmou, “ não se ganham, nem perdem, campeonatos em Setembro”! Mas se tudo continuar a evoluir desta maneira para o ano o Benfica estará pronto para “voltar a ser Benfica” e marcar novamente o futebol nacional e internacional! Este é o primeiro objectivo: um investimento a longo prazo na criação de um plantel forte e capaz, do qual o sucesso depende, sobretudo, da paciência de quem está ligado às “águias”!

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